GravidezVacinação na gravidez: prevenir a tosse convulsa no bebé

Vacinação na gravidez: prevenir a tosse convulsa no bebé

A gravidez suscita por si só momentos de grande alegria mas também dúvidas e inseguranças. Sendo a vacinação um tema tão sensível na realidade atual, é importante que os casais sejam esclarecidos sobre a importância da administração da vacina contra a tosse convulsa na
gravidez.

A vacina, quando administrada à mulher grávida, confere também proteção contra duas doenças adicionais: o tétano e a difteria.

A tosse convulsa é uma doença infeciosa do aparelho respiratório causada pela bactéria Bordetella pertussis com elevado risco de contágio através da inalação de gotículas respiratórias que a pessoa infetada emite para o ar através de tosse e espirros.

A maior parte dos casos detetados em Portugal ocorreu em crianças com idade inferior a 2 meses (42%) ou seja, as que não tinham iniciado ainda a vacinação, seguida do grupo etário dos 2 aos 5 meses (32%). A grande maioria das crianças com idade inferior a um ano foi
internada (95%), algumas das quais em unidades de cuidados intensivos. A doença tornou-se fatal ou com grandes sequelas sempre em crianças de idade inferior a 2 meses.

Sintomas da tosse convulsa

Numa fase inicial, a doença pode ser confundida com uma constipação banal, ocorrendo obstrução e corrimento nasal, febre ligeira, tosse seca e espirros. A doença evolui com o agravamento da tosse, que se manifesta em acessos muito intensos, em que a pessoa fica com
dificuldade em respirar e a cara “vermelha”, podendo ficar “roxa” pela falta de oxigénio. Também pode haver saída de muco em elevada quantidade e o esforço causado pela tosse causar o vómito. É frequente que o esforço causado pela tentativa de respirar faça com que a
pessoa emita um som característico.

A doença pode durar até três meses, sendo que os acessos de tosse vão ficando menos intensos e mais espaçados e é possível proceder ao tratamento da mesma com antibióticos adequados.

Como prevenir a tosse convulsa?

O Programa Nacional de Vacinação contempla no seu calendário, de forma gratuita, a vacinação nas crianças aos 2,4, 6 e 18 meses, existindo também uma dose de “reforço” aos 5 anos de idade e outra para todas as mulheres grávidas, em cada nova gravidez. Existe uma
rápida diminuição do nível de anticorpos transmitidos pela mãe durante a gravidez, pelo que cumprir o calendário de vacinação nas crianças é fundamental. Existe uma probabilidade, porém, diminuta de contrair a doença, mesmo estando vacinado ou tendo tido a doença.

Os enfermeiros que acompanham a gravidez e/ou trabalham na área da vacinação estão familiarizados não só com a fundamentação científica desta vacina, mas também com o esclarecimento das dúvidas que possam surgir ao casal grávido, neste sentido.

Em que altura da gravidez e porquê deve ser administrada a vacina

O aumento desta doença está associado ao aparecimento de novas variantes da bactéria e à diminuição da imunidade de cada indivíduo, que vai naturalmente acontecendo ao longo da vida.

As crianças até aos 2 meses estão particularmente sensíveis a infeções pois o seu sistema imunitário ainda está a desenvolver capacidade para se defender de agentes invasores, logo quanto menor a idade da criança, maior a intensidade de manifestação da doença.

A vacinação deve ocorrer na altura da gravidez em que a passagem de anticorpos é mais elevada, ou seja, entre as 20 e as 36 semanas de gestação, idealmente até às 32 semanas. Após as 36 semanas de gestação considera-se que a criança terá uma proteção indireta contra
a doença, apenas pela prevenção da doença na mãe. Os familiares que contactam com a criança poderão assim ser uma fonte de contágio.

A ecografia morfológica (recomendada entre as 20 e as 22 semanas e 6 dias) já deve ter sido realizada antes da vacinação, para que seja assegurado que o desenvolvimento fetal, na sua grande maioria, já esteja completo.

É fundamental repetir a vacinação em cada gravidez, já que nível de anticorpos no organismo da mãe vai diminuindo ao longo do tempo, sendo assim assegurado que cada feto recebe os anticorpos da mãe contra esta doença. A mãe terá também uma proteção adicional,
independentemente do tempo que passou desde a última administração da vacina contra o tétano e difteria ou da vacina que também contempla a tosse convulsa (tendo sido por exemplo, administrada numa gravidez anterior).

Quais as possíveis reações secundárias à vacina

A vacina contra a tosse convulsa é perfeitamente segura, não havendo risco para a mãe ou para o feto.

As reações mais frequentes e que estão associadas à vacina passam por dor, calor, inchaço e vermelhidão no local da injeção. A febre é menos frequente, mas pode ocorrer e provocar cansaço na mulher grávida. Não é recomendada a toma de paracetamol, como forma de prevenção destes sinais e sintomas, uma vez que pode interferir com a resposta imunológica do organismo. O paracetamol pode ser utilizado como forma de tratamento da febre e de sintomas locais que ocorram após a vacinação.

Como ter acesso à vacina?

Os enfermeiros e os médicos que fazem a vigilância de saúde da gravidez são os profissionais mais competentes para responderem às dúvidas do casal/mulher grávida, encaminhando-os no sentido de ter acesso à vacinação em tempo útil.

Recordações para mais tarde:

  • A tosse convulsa é uma doença altamente contagiosa cuja manifestação é tanto mais grave, quanto menor a idade da criança.
  • Os sintomas iniciais da doença podem ser confundidos com doenças banais o que torna a probabilidade de transmissão elevada e o tratamento tardio.
  • A vacinação da mãe contra a tosse convulsa é segura tanto para si como para o feto e é a única forma de diminuir o número de casos nas crianças que ainda não iniciaram o esquema normal de vacinação.
  • Os enfermeiros e os médicos são os profissionais especializados e competentes para esclarecer as dúvidas das mulheres grávidas no âmbito da vacinação.

Artigo escrito pela Enfª Maria João Silva, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia

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