São inúmeros e variados os benefícios que o BLW apresenta, tanto no que toca à promoção de um desenvolvimento saudável do bebé, como no que concerne às relações interfamiliares. Se tivesse de destacar três das muitas vantagens que as famílias e a evidência científica destacam como prioritárias, muito provavelmente escolheria:
1. A aprendizagem e receptividade aos alimentos
É factual que esta abordagem apresenta excelentes resultados na aprendizagem e recetividade dos alimentos por parte dos bebés, tornando a sua introdução num processo natural e bem-sucedido, com um assinalável desenvolvimento da mastigação e da coordenação motora. Os estudos* evidenciam uma maior apetência por vegetais, designadamente o gosto por uma maior variedade de frutas e legumes por volta dos dois anos.
2. A experiência multissensorial que esta abordagem proporciona
Quando me refiro à experiência multissensorial, a verdade é que o BLW incentiva a ingestão de alimentos como uma experiência multissensorial, em que o bebé desfruta das cores, cheiros, sabores e texturas dos alimentos, de forma individual.
Trata-se de ir experimentando à distância, no que respeita ao olfato, porque, uma vez que os bebés vão sentindo o aroma dos alimentos enquanto os confecionamos, isto está a prepará-los para o sabor do alimento. Por outro lado, a cor e o aspeto visual como que ensaiam o que vai a acontecer na boca, uma vez ingerido o alimento.
No que concerne ao sabor, as preferências evoluem com o tempo, e podem oscilar entre doce, salgado, ácido e amargo.
Mesmo as texturas e sensação na boca também beneficiam de aprendizagem, pelo que preconizo que exista estímulo, com o objetivo de que o bebe se habitue. Também o som não deve ser escamoteado: tanto o interno (quando bebé mastiga o alimento) e externo (quando, por exemplo, o alimento cai ao chão ou o barulho que faz quando o bebé o aperta).
3. O BLW contribui para uma celebração familiar, em que todos são chamados a intervir
Por último, e talvez o mais importante, a ideia de a presente abordagem alimentar constituir um momento de celebração familiar, na medida em que se permite e promove a participação e partilha deste momento e dos alimentos que o compõem com os nossos bebés, que aprendem a alimentar-se através do exemplo. Por outro lado, a própria família melhora os seus hábitos alimentares (preocupados com os nutrientes ingeridos pelo bebé, acabam por fazer refeições mais saudáveis) e poupa-se tempo, ao preparar-se a mesma comida para todos.
Acresce ainda que, porque todos têm de adotar um ritmo calmo de ingestão de alimentos, que acompanhe o do bebé, acaba por agir-se no sentido da prevenção da sobrealimentação.
Finalmente, não é de somenos importância recordar que as sensações motivam as crianças a aproximar-se ou afastar-se da refeição, isto é: quando encontram prazer nas sensações, querem voltar, o que ajuda a edificar uma relação saudável com a comida — que será, em última análise, sempre o grande objetivo de cada mãe, pai ou cuidador.
Artigo escrito pela Enfª Maria Fernandez, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia