No Dia Europeu da Segurança Rodoviária, refletimos sobre um tema tantas vezes negligenciado, mas de enorme importância para a saúde materna e fetal: a segurança automóvel durante a gravidez.
Enquanto sociedade, temos avançado na proteção de quem viaja conosco. Contudo, quando falamos de grávidas e bebés em gestação, persistem mitos e práticas que colocam vidas em risco.
Neste artigo, desmontamos ideias erradas, explicamos boas práticas e sublinhamos o que deve ser evitado.
“O cinto magoa o bebé” – Um mito perigoso
É uma crença comum: “Se estou grávida, o cinto de segurança pode magoar o bebé”. Mas esta ideia é falsa e perigosa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a American Academy of Pediatrics (AAP) são claras:
“O uso adequado do cinto de segurança reduz significativamente o risco de morte fetal ou lesões graves em caso de acidente.”
Ou seja, não usar o cinto é muito mais perigoso. Em caso de colisão, o corpo da mãe pode ser violentamente projetado, e a força do impacto é transmitida ao útero. O cinto é a principal barreira de proteção.
Como usar corretamente o cinto na gravidez?
O cinto de três pontos deve ser usado sempre — seja como condutora ou passageira. Mas a forma como é colocado faz toda a diferença:
- A faixa inferior (ventral) deve estar por baixo da barriga, bem ajustada à zona óssea da pélvis.
- A faixa superior (diagonal) deve passar entre os seios e pela lateral da barriga, assente no ombro, nunca sobre o pescoço ou útero.
- O cinto deve estar bem justo, mas confortável — sem folgas.
Adaptadores de cinto: úteis, mas com regras
No mercado existem diversos posicionadores de cinto para grávidas. A sua função é evitar que a faixa inferior suba para a barriga — o que pode ocorrer involuntariamente, sobretudo no terceiro trimestre.
No entanto, nem todos os produtos são seguros.
“Um adaptador não homologado pode ser mais perigoso do que não usar nada.”
Deves escolher apenas modelos testados e homologados segundo normas europeias (como ECE R16). Produtos não certificados podem comprometer o funcionamento do cinto original e até agravar as consequências de um acidente.
Conduzir ou ser conduzida: o risco é o mesmo
Muitas grávidas assumem que, como passageiras, estão mais protegidas. Não é verdade. Em caso de acidente, a gravidade das lesões é semelhante se não for usado o cinto.
Além disso, devem ser seguidas estas recomendações de segurança adicional:
- Encosto do banco o mais vertical possível.
- O volante deve estar a pelo menos 25 cm da barriga e, se possível, apontado para o esterno, não para o abdómen.
- Evitar longas viagens no último trimestre, fazendo pausas regulares e hidratação frequente.
A segurança do bebé começa antes de nascer
Cada passo de precaução é uma forma de proteger o futuro. Cuidar da segurança rodoviária na gravidez é cuidar de quem vem, com conhecimento, responsabilidade e amor.
Neste Dia Europeu da Segurança Rodoviária, deixamos um apelo claro:
Use o cinto. Use-o bem. Use-o sempre.
Porque há vidas que começam muito antes de nascer — e cada decisão conta.
Artigo escrito por Isabel Costa de Sousa, The Baby Planner