O estado nutricional de uma grávida tem implicações não apenas na sua saúde, mas também na saúde da criança que se está a desenvolver. O crescimento e desenvolvimento intra-uterino prejudicados podem originar no feto patologias metabólicas, cardiovasculares ou endócrinas que se manifestam na vida adulta. Por outro lado, a obesidade materna pode dar origem a dificuldades no parto e a complicações durante a gravidez, tais como a diabetes gestacional, pré-eclampsia e prematuridade.
Assim, torna-se importantíssimo manter uma alimentação adequada, através de um estilo de vida que, por um lado, otimize a saúde materna e, por outro, reduza o risco de deficiências à nascença, crescimento e desenvolvimento ou problemas de saúde crónicos na criança.
Os componentes chave para um estilo de vida que promova a saúde de uma grávida, incluem o consumo de alimentos variados e em quantidades apropriadas, a suplementação vitamínica e mineral nas doses adequadas e atempadamente, a eliminação da dieta de substâncias potencialmente perigosas (álcool, tabaco, drogas, etc) e um aumento de peso adequado.
A energia extra necessária para o curso de uma gravidez é variável de acordo com o período de gestação, estado de nutrição, nível de atividade física, idade, peso inicial, etc. Assim, para dar resposta às necessidades deste período, deve fazer-se uma ingestão variada de alimentos ricos em fibra como a fruta e os produtos hortícolas e privilegiar o consumo de carnes magras, pequenas quantidades de alimentos ricos em gordura e/ou açúcar e promover a ingestão de produtos lácteos – cálcio. No entanto, deve considerar-se que em determinados casos e para certos nutrientes a toma de suplementos deve ser considerada, mostrando-se essencial ser verificada atempadamente e devendo ser ajustada caso a caso.
Já recebeu provavelmente uma imensidão de avisos sobre alimentos perigosos durante a gravidez. Embora seja verdade que alguns alimentos constituem um potencial risco para o bebé, a grande maioria é segura. No entanto, mostra-se essencial chamar a atenção para alguns aspetos sobre a segurança dos alimentos, para que possa tomar decisões sensatas sem preocupações desnecessárias.
Se está grávida e não é imune à Toxoplasmose, apenas deve procurar consumir a fruta bem lavada e sem casca, procurando desinfetar sempre que necessário, deve evitar comer saladas de fruta ou fruta partida em restauração, deve desinfetar convenientemente as saladas cruas, evitar comer carne mal passada, principalmente de porco e lavar bem as mãos se tocar em gatos.
Para prevenir infeções por Listeriose, deve evitar comer lacticínios não pasteurizados, sobretudo queijos curados por ação de bolores, como queijo brie, roquefort e outros, devendo optar pelos queijos de pasta dura.
De uma forma geral, deve evitar o consumo de peixes com altos teores de mercúrio, como tubarão, espadarte, cavala ou tamboril, evitar comer carne, peixe e ovos que não estejam devidamente confecionados, quando aproveita as sobras, verificar se estão muito bem aquecidas, evitar consumir sumos não pasteurizados e legumes como espinafres, agriões e alface, por se considerarem bioacumuladores de poluentes (nitratos, metais pesados e pesticidas).
No que respeita ao álcool, uma vez ainda não foi estabelecida uma dose segura para o seu consumo, o melhor é evitá-lo por completo.
Certamente já ouviu dizer que a cafeína é outra das substâncias proibidas durante a gravidez, a verdade é que atravessa a placenta afetando o ritmo cardíaco fetal, mas não é necessariamente perigosa, desde que ingerida em quantidades moderadas, devendo avaliar a sua ingestão juntamente com o seu médico.
No caso de condições especiais como obstipação, aconselha-se que a grávida aumente a ingestão de fibras (particularmente cereais integrais), beba líquidos em abundância, faça exercício físico de forma moderada.
Artigo escrito pela Dra. Andreia Santos, Especialista em Nutrição